Muito se tem falado hoje, na educação infantil, em se
trabalhar as múltiplas linguagens das crianças. A escola italiana da cidade de
Reggio Emilia, inspirada no trabalho do educador Loris Malaguzzi, destaca e
vivencia as cem linguagens das crianças no cotidiano e na cultura infantil.
Mas o que, de fato, significa trabalhar as “Cem Linguagens”
das crianças? Significa que devemos educar ensinando e cuidando para que as
crianças possam maravilhar-se com o impossível, experimentando, investigando,
descobrindo, fantasiando e criando sua cultura infantil.
Mas será que os pais e as instituições de educação infantil,
aqui no Brasil, deixam que as crianças vivenciem estas descobertas ou
simplesmente adestram as crianças para que elas possam responder àquilo que os
pais e professores desejam?
Vivenciei uma situação em uma instituição de educação
infantil, na qual até hoje me recordo e quero aqui compartilhar essa história,
para que vocês possam refletir sobre as ações tomadas no dia a dia com as
crianças pequenas.
Era Dia das Mães e a professora entregou um coração
recortado por ela, para que cada criança pudesse desenhar sua mãe. Todos
começaram seus desenhos, no final da atividade, a professora pediu que todos
entregassem o que tinham feito. Bem, para a professora, o que aquelas crianças
tinham realizado não estava bom, afinal, era o cartão para o dia das Mães. Ela
recortou novamente os corações, entregou as crianças, e disse a elas: Eu vou
desenhar na lousa e vocês vão seguindo o que eu faço. Bem, para encurtar a
história, ela arrecadou os desenhos e disse: Agora sim, está bem melhor! Não
quero, com esta história, condenar a atitude da professora, porque
provavelmente alguém em algum dia em sua vida também já tinha feito isso com
ela, e isto pode não ter causado nenhum dano a ela.
Mas esta maneira de trabalhar com as crianças, é promover as
linguagens das crianças? É desenvolver sua criatividade ou podá-la? É valorizar
as crianças ou simplesmente dizer a elas tudo o que você faz não serve para
nada, mas o que eu faço, isso sim, é bom?
Por outro lado, as mães que recebem um desenho desses no
“Dia das Mães” sabem, de fato, o que aconteceu no processo deste desenho, ou
simplesmente acha lindo, abraça, beija, se emociona com o que o(a) filho(a)
entregou?
Atitudes de adestramento para com as crianças, não
contribuem e nem educam para o seu desenvolvimento integral e integrado, porque
a criatividade, a emoção, a fantasia, a imaginação foi podada. Nesta história,
em específico, a preocupação da professora era que as mães gostassem do que
iriam receber, da aparência e não da essência em si. Era mais importante um
produto apresentável do que o processo como ele foi desenvolvido. Aposto que se
as mães soubessem do fato, o mais importante era justamente o contrário. Ainda
mais em se tratando desta data. Para as mães, o que os filhos fizessem ou como
fizessem era suficiente, porque o que está sendo demonstrado ali é o carinho, o
amor, o afeto, e não o contrário.
Pais, mães e professores ligados a instituições de educação
infantil, não acabem com as “Cem linguagens das crianças pequenas”...
Drª. Vanda Minini
Educação: Psicologia da Educação
Palestrante e Consultora em Educação
Palestrante e Consultora em Educação: para Gestores, Coordenadores, Professores e/ou Pais.
Site: www.vandaminini.com.br
Dra, boa noite!
ResponderExcluirComo trabalhar com uma criança que não fala, ela esta numa escola particular, os professores a incentivam muito, tem interessa pela criança. Ela não é muda, foi feito vários exames e constatou um autismo leve(dito pelo neurologista). Fico muito preocupada sou a tia e seu que neste país os dito diferentes não tem vez. Por isso estamos fazendo de tudo para incentiva-lo a falar.
Dra será que estamos certos? Estou muito ansiosa não temos nenhum caso na família. Dra o que me fortalece é que creio muito em Deus. Sei também que no século 21 esse temos várias escolas,livros e tudo para ajudar essas pessoas.
Mas é aquele negócio a gente não quer ou não imagina que poderá acontecer na casa da gente. Mas temos consciência. Dra tem uma idade precisa para a criança com autismo fale, ele só não fala não tem qualquer outro problema,ele é saudável, corre,brinca,pula,chora,adora água.
Na escola tem teatro e o professor disse a minha cunhada que ele fica nervoso por que quer falar sobre o que está acontecendo. Dra ficarei muito agradecida se a senhora me enviar alguma resposta, se estamos no caminhos certo ou não.
Obrigada.
Dra gostaria se possível me fosse enviado qualquer resposta através do meu email: madrsilva@yahoo.com.br
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ExcluirEu acredito que o importante é deixar a criatividade da criança ir longe.
ResponderExcluirUm desenho feito por ela vale muito mais do que um moldado pelo professor.
Sem dúvidas o estímulo à criatividade faz toda a diferença na vida da meninada.
Eu mesmo sempre incentivei aqui em casa e acho que fiz a coisa certa.
Parabéns pelo texto e obrigado pela reflexão.
Abraços, Allan.
Crianças são muito criativas por sua própria natureza, o que pais e escola podem ajudar é estimular para que elas possam usar todo o seu potencial criativo nas mais diversas funções, assim conforme elas crescerem conseguirão enxergar várias formas de fazer algo ou tomar uma decisão. Obrigada pelo texto e informações. Beijos
ResponderExcluirVi no seu texto, o retrato dessa professora: criar uma situação para exemplificar. Mas, é sempre assim, as críticas são tantas, mas param por ai, não há o apontamento, não há caminho a seguir e, aí, eu sei, vem o bordão: NÃO HÁ RECEITAS.
ResponderExcluirConcordo plenamente, mas quero deixar aqui a minha crítica (construtiva, é claro), criticar de forma negativa para quê? Simplesmente para dizer que não está legal, que você está fazendo errado?
Por que não vamos ao que mais interessa e ao que todos buscam?
- Olha, essa parte foi legal, mas talvez você pudesse fazer isso ou aquilo no lugar de...
- Ou ainda: tente essa estratégia.
- Pode ainda: procure o que pode ser aproveitado ou adapte o que for necessário para a idade com a qual trabalha ou coma as especificidades reais de sua turma.
Vale qualquer dica, mas não apenas critique, acredito que o mais importante é apontar possibilidades.
E por último, você falou mesmo de onde? Reggio Emillia? Educação infantil no Brasil?
Você vê alguma possibilidade de comparação entre uma realidade e outra?
Criticar, é muito fácil. Se fosse essa a minha intenção, eu não ia parar de escrever.
O difícil é apresentar possibilidades, por mais simples que sejam.